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Publicação de trechos dos textos vencedores do concurso #RBCOOL (3/4)

O Concurso Literário #RB Cool para os alunos do 1.°, 2.° e 3.° ciclos e do secundário integrou o Húmus – Festival Literário de Guimarães, que decorreu entre os dias 8 e 12 de março. Um dos principais pilares da iniciativa foi levar as obras de Raul Brandão aos alunos do concelho. O Reflexo divulga em exclusivo excertos dos textos vencedores.

14 março 2017 > 08:30

Rita da Costa Carvalho, 13 anos, quer ser psiquiatra quando for grande. O gosto pela leitura e pela escrita vem desde que entrou para a escola e foi por isso que decidiu entrar no concurso. Sob o pseudónimo Estrela, esta aluna do Agrupamento de Escolas Arqueólogo Mário Cardoso, partiu de “A morte de um palhaço”, de Raul Brandão, para escrever o texto que levou ao #RBCool

 

Vencedor na categoria 3.º Ciclo
Trecho selecionado de Carta de Amor de um Palhaço Apaixonado
Tema: Carta de Amor de um Palhaço Apaixonado
Rita da Costa Carvalho
Agrupamento de Escolas Arqueólogo Mário Cardoso

Braga,11 de março de 1926

Olá Camélia,
Sou eu, aquele palhaço corriqueiro do circo, aquele que diz as piadas, a maioria secas, mas das quais tu sempre te ris. Mas calma, adoro o teu riso... nunca fui tão feliz desde que te conheci, nunca ninguém me achou tão chistoso assim como tu, pelo menos a meu ver… tu até daquelas anedotas mais banais gostas! É incrível! Incrível nunca ter conhecido ninguém como tu antes, mas já dizia o Pita, se calhar eu só acordei agora para a vida, talvez tenha estado este tempo todo a sonhar e tu foste como um raio de Sol, daqueles que entra pela janela do quarto e nos bate em cheio no rosto a dizer que é hora de acordar. Assim que te vi, senti as minhas emoções numa agitação louca. O meu coração acelerou, tropeçou, quase caiu, quase parou.

Camélia, tu és a guitarra portuguesa do fado, tu és o hino do meu país, tu és a Terra do Sistema Solar, tu és a Via Láctea do Universo. Francamente falando, o que eu sinto por ti é amor, amor verdadeiro, não é amor violento, não é amor desrespeitoso, não é amor preconceituoso, é amor de cuidar, amor de querer, amor de amar. Sabes, o amor é uma palavrinha mágica, não se deve sair por aí a dizê-la em altos brados, não se deve sair por aí a dizê-la em vão.

Às vezes pergunto-me o porquê de um palhaço trivial igual a mim se ter apaixonado por uma menina tão linda, airosa, venusta e graciosa. Afinal, eu sou um caso tão insólito que chega até a ser patético… deveria ter-me apaixonado por alguém peculiar tal como eu sou, alguém idiota como eu, tão idiota a ponto de se preocupar primeiramente com a felicidade dos outros, a ponto de parecer um arco-íris ambulante que exclama anedotas desidratadas e das quais parvos infelizes riem, riem e riem até a sua saliva formar uma intensa chuva que justificaria a abertura de um guarda-chuva.

Eu sou um imbecil profissional, pensei até que seria possível ser amado por ti, o ente vivo mais belo já alguma vez visto, nem Afrodite nem Vénus chegam aos teus pés; se a perfeição tivesse um significado, seria Camélia.

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