A Pandemia e o ensino como acelerador
O acelerador da desigualdade social acelerou aqui a grande velocidade e os alunos que não tinham ligação à Internet em casa estão ainda sem acesso às aulas. Passado mais de um mês.
Caro leitor,
Todos nós, direta ou indiretamente estamos a viver uma nova fase de ensino com a qual sequer tínhamos sonhado. Ver, no ano de 2020, os nossos filhos voltarem à telescola era impensável antes desta pandemia. Então vê-los ter aulas com o professor, na presença de todos (QUASE TODOS) os colegas de turma era uma utopia. Mas está a acontecer, e na generalidade a avaliação que faço, até pelo exemplo caseiro, está a ser muito positivo. Os professores e os Pais que acompanham os filhos em casa têm tido aqui um trabalho de acompanhamento que, não substituindo o presencial, ameniza muito esta falta que a escola faz às nossas crianças. Nota-se ainda assim a falta que eles sentem dos amigos, das brincadeiras, dos recreios e do seu ambiente natural.
Mas esta pandemia tem sido um grande acelerador tecnológico não só no ensino, mas também a nível empresarial. Dizem alguns estudos que estão a ser feitos investimentos em tecnologia nas empresas pensados apenas para daqui a 5 ou 10 anos.
Mas no que diz respeito ao ensino o acelerador tem sido em dois sentidos, completamente opostos. Se por um lado temos o acelerador tecnológico a proporcionar todas as condições para as aulas on-line, do outro lado temos o acelerador da desigualdade social a acelerar à mesma velocidade. No que diz respeito às escolas da nossa Vila assistimos a um trabalho fantástico de todos.
Comunidade escolar, Associações de Pais, Câmara Municipal, Junta de Freguesia e população em geral uniram-se e conseguiram que todos os nossos alunos tivessem acesso a um dispositivo que lhes permite ter as aulas on-line. Mas não foi suficiente.
O acelerador da desigualdade social acelerou aqui a grande velocidade e os alunos que não tinham ligação à Internet em casa estão ainda sem acesso às aulas. Passado mais de um mês. Devemos aqui todos meter a mão na consciência e assumir que falhamos. Uma falha irreparável infelizmente. Não consigo imaginar uma família com um filho nesta situação.
Estamos a viver um mundo novo para o qual, em nenhum setor, alguém estaria preparado, mas temos de ser nesta altura ainda mais fortes na luta contra a desigualdade social e tomar, se necessário, medidas extraordinárias.
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