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Publicação de trechos dos textos vencedores do concurso #RBCOOL (2/4)

O Concurso Literário #RB Cool para os alunos do 1.°, 2.° e 3.° ciclos e do secundário integrou o Húmus – Festival Literário de Guimarães, que decorreu entre os dias 8 e 12 de março. Um dos principais pilares da iniciativa foi levar as obras de Raul Brandão aos alunos do concelho. O Reflexo divulga em exclusivo excertos dos textos vencedores.

13 março 2017 > 21:30

Sob o pseudónimo A Passageira Afortuna, Ana Sofia da Silva Meireles, 11 anos, do Agrupamento de Escolas Fernando Távora, descobriu Raul brandão através das “Ilhas Desconhecidas”. Faz da escrita um hábito que concretiza num diário. Gostou do que leu da autoria de Raul Brandão mas quer “crescer mais um bocadinho” para poder entender a restante obra do autor.

 

Vencedor na categoria 2.º Ciclo
Trecho selecionado de Um Dia na Ilha com Raul Brandão
Tema: Um dia na ilha com Raul Brandão
Ana Sofia da Silva Meireles
Agrupamento de Escolas Fernando Távora

Quando acordei, já o sol ia alto. Raul estava sentado à minha frente, de boné na cabeça, a ler um livro.
— Deus ajuda quem cedo madruga, minha cara — disse Raul — mas não havia necessidade de seres tão madrugadora. Levantas-te cedo para depois dormires a seguir ao pequeno-almoço?!
— Acontece… Mas este tempo foi muito proveitoso pois tive um sonho fascinante — disse eu. Queres ouvi-lo?
Raul fechou o livro e olhou para mim, dizendo:
— Sou todo ouvidos.
— Já vi a nossa chegada à ilha de Santa Maria.
Raul olhou para mim, incrédulo. Prossegui:
— A ilha é linda! Cheia de prados verdejantes, hortênsias, um verdadeiro paraíso da terra! E os habitantes? Simpatia não lhes falta!
— Até falaste com as pessoas?! — perguntou Raul muito admirado.
— Sim, com um casal que vive na pequena povoação da Vila do Porto.
Dedica-se à olaria. A senhora até nos ofereceu água, servida num
púcaro de barro, que a torna fresquíssima.
— Ofereceu-nos?! — perguntou Raul, sem perceber.
— Sim, aos dois. Tu também entravas no sonho. Parece que te estou a
ver, com o caderno de apontamentos na mão, sempre a tirar notas.
— Hum…— murmurou.
— E o cheiro a giesta que pairava no ar? Parece que ainda o consigo sentir!
O meu relato foi interrompido pelo toque da sineta, indicando que o almoço estava servido.
— Vamos almoçar e prepararmo-nos para atracar em Santa Maria.
Sempre quero ver se o teu sonho foi real. — disse Raul.
Durante o almoço ambos ficamos em silêncio. Estávamos ansiosos pelo desembarque. Pelas 14 horas, o comandante anunciou que havia terra à vista. Aproximámo-nos do convés e vislumbrámos a ilha de Santa Maria. A bela povoação de Vila do Porto, com a torre da igreja, começava a ficar cada vez mais nítida por entre o negro e verde da ilha.
— Vamos, Sofia — chamou-me o Raul —, estou curioso para ver a ilha.
Saímos do barco e iniciamos a subida por entre as figueiras-do-diabo.
O cheiro a giesta acompanhou-nos, tal como no meu sonho.

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instagram.com/humus2017
facebook/Húmus — Festival Literário de Guimarães
www.raulbrandao.pt

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