O nosso património
Só com um enorme esforço na sensibilização foi possível concretizar com êxito as intervenções que eram preciso fazer respeitando pormenores de construção de acordo com a traça original dos edifícios.
Comemorou-se no passado dia 13 de Dezembro a elevação do Centro Histórico de Guimarães a Património Cultural da Humanidade. Em 2001 a UNESCO reconhecia a importância do imenso trabalho de reabilitação urbana operado no nosso Centro Histórico, atribuindo-lhe este galardão internacional, motivo de orgulho para todos nós vimaranenses, e que só foi possível pelo envolvimento de todos: moradores, proprietários, técnicos e responsáveis autárquicos de diferentes sensibilidades politico partidárias.
Todo este processo começou e teve como centro operacional a Casa da Rua Nova, edifício municipal recuperado pela mão do arquitecto Fernando Távora, intervenção que viria a ter o prémio Europa Nostra e que serviu como exemplo das metodologias a adoptar na recuperação e reabilitação de todo o edificado existente na zona histórica. A localização do GTL neste local permitiu mostrar o exemplo a seguir e proporcionou maior e melhor proximidade, e menos formalismos entre os intervenientes: câmara, proprietários, moradores e projectistas.
Era urgente intervir no casco histórico da nossa cidade mas também era necessário realojar muitos dos seus moradores que viviam em habitações cuja alta densidade de ocupação não permitia a criação de condições mínimas de conforto e salubridade. A solução passou pelo alojamento de algumas famílias para os recém-criados bairros sociais da Amorosa e Conceição.
Só com um enorme esforço na sensibilização foi possível concretizar com êxito as intervenções que eram preciso fazer respeitando pormenores de construção de acordo com a traça original dos edifícios, do tipo de material utilizados e dos processos de construção aplicados na época em que foram construídos.
Estão de parabéns todos os envolvidos neste processo de recuperação do Centro Histórico, os técnicos, os proprietários, os moradores e os autarcas. Entendo ser justo relevar o trabalho e acompanhamento do arquitecto Fernando Távora, decisivos para a qualidade e êxito alcançados e da arquitecta Alexandra Gesta, rosto que personifica toda a equipa envolvida e o trabalho realizado enquanto responsável pelo GTL.
É pública a intenção do município vimaranense estender a actual área classificada pela UNESCO a toda a zona envolvente de Couros, assegurando a reabilitação deste território que em tempos idos funcionou tendo como actividade principal a curtimenta de peles de animal para abastecer, além de outras, o fabrico de calçado. Esta intenção só peca por tardia tendo em conta a sua dimensão excepcional e uniformidade identitária deste riquíssimo património industrial e arquitectónico.
Ultimamente alertei para comportamentos menos próprios do município em edifícios identificados como de interesse patrimonial, porque considero fundamental não ignorar que a continuidade e manutenção deste estatuto de Património Cultural da Humanidade só é possível se as intervenções actuais e futuras forem operadas com o mesmo carinho e cuidado que as anteriores e que estes espaços privilegiados do nosso território continuem a ter capacidade de atrair e cativar os seus moradores.
Boas Festas.
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