Noticiar vai ser um quebra cabeças!
Qualquer dia, nem com a autorização dos pais se pode publicar seja o que for, haverá necessidade da autorização do Estado. Isto não lhes recorda nada?
Nem sempre é fácil escrever. Exige acima de tudo vontade para encher a página branca bloqueante com todos esses sinaizinhos, os grafemas, que, juntos, formam as palavras. E as palavras podem dizer muito ou nada, como podemos “ler” em muitos dos textos dos alunos que escrevem uma língua que não é o Português, pelo menos o utilizado pelos que assimilaram mais ou menos as regras gramaticais, a utilização deste ou daquele grafema (não confundindo os fonemas) na ortografia e conseguiram adquirir alguma agilidade de leitura. Tudo quanto escrevem é Chinoguês, como costumo dizer. Por isso, quando temos um aluno que se destaca, que bebe tudo quanto dizemos, que põe a criatividade ao serviço da escrita e que não teima em ser um Saramago prematuro, sentimo-nos realizados profissionalmente (o que é cada vez mais raro!) e queremos dar a conhecer o escritor ao mundo através do jornal escolar, dos concursos internos ou externos de leitura e de escrita, caso do PNL, ou da própria comunicação social regional ou nacional.
Eis o motivo que me leva a escrever o texto de hoje. A DIVULGAÇÃO do que de bom se faz nas escolas e em qualquer outro lugar. Não se pode colocar fotografia dos jovens sem autorização expressa dos pais, nem de perfil nem de costas. Podemos talvez optar pelas pernas ou pelas mãos ou então enfiamos uma máscara na cara dos jovens e publicamos a fotografia. Mas, pior ainda, não se pode colocar os nomes. Ou seja, deixa de haver prémios escolares porque não se podem nomear nem mostrar os vencedores.
Que IDIOTICE vem a ser esta? Que andam os nossos deputados a fazer na Assembleia da República? Que jogam, já sabemos, porque a Oficina de Jornalismo quando lá foi lhes descobriu a careca, mas que deixem passar estas leis… E qualquer dia, nem com a autorização dos pais se pode publicar seja o que for, haverá necessidade da autorização do Estado. Isto não lhes recorda nada? A mim, que já sou velha, a mais velha professora da EB Taipas, e vou a caminho dos 63, reconheço os sinais da velha Senhora.
Será que esse ou essa iluminada não tem filhos e não vê o que eles publicam nas redes sociais? Nas fotografias que os jovens lá colocam não estão a receber prémios, não estão em grupo nem em perfil, nem de costas… estão quase nus (às vezes até estão mesmo) e dão as moradas e dizem onde estão naquele momento, etc, etc…
Mas isso não aflige esses iluminados que às tantas também colocam nas suas páginas: eu a tomar chá com a deputada x ou eu na sede da empresa y quando lá fui inaugurar as novas instalações ou o presidente da república a inaugurar o ano escolar na escola xx ou o ministro da educação a assistir a um espetáculo na escola bb.
Como vai ser? Acabam as evidências na avaliação seja de quem for, pois acabam as fotos. E os jornais, a comunicação social que utiliza as fotos para os seus furos sensacionalistas? Vão estar sujeitos a processos judiciais contínuos? E os que as utilizam para ilustrar a notícia, a reportagem…? E as entrevistas acabam? E… E… E…
A mim, custa-me a acreditar que tal aberração siga em frente.
Espero que o BOM SENSO prevaleça. Neste caso, estou como o padroeiro da terra S.Tomé “ver para crer”, mas já NADA me admira. Noticiar vai ser um quebra-cabeças!
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