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É difícil a vida em Portugal

Continuo sem encontrar uma explicação para os clubes despedirem treinadores de um momento para o outro. As equipas não se fazem num ano nem dois, construir uma equipa demora algum tempo.

30 outubro 2008 > 00:00

Durante a pré-temporada até me tinha esquecido de um "pequeno grande" pormenor. Todos os dias de manhã, acordava a pensar nas notícias que iriam fazer manchete no jornal desportivo. As notícias nunca me surpreenderam muito, era sempre a lenga-lenga do costume: contratações e mais contratações. Afinal, a época começava sem grandes sobressaltos.

Chegou a hora do campeonato! Para alegria dos simpatizantes da "bola", começam as picardias e as discussões sobre os jogos, os jogadores, as arbitragens e as opções dos treinadores. Era mesmo aí que eu queria chegar - aos treinadores.

A cultura portuguesa parece não estar disposta a aceitar um mau resultado. Não sei muito bem as razões pela qual o treinador do trofense foi despedido. O ano passado pôs a equipa da Trofa pela primeira vez na primeira liga. Será que foi pelos maus resultados? Será que houve divergência entre o treinador e os órgãos directivos do clube? Ou, será ainda que terá havido "jogo" de empresários pelo meio? Sei que uma pessoa não deixa de ser competente de um momento para outro. O problema torna-se grave, gravíssimo! Continuo sem encontrar uma explicação para os clubes tomarem essas decisões. As equipas não se fazem num ano nem dois, construir uma equipa demora algum tempo.

Tenho a certeza absoluta, apesar de não me identificar com os seus métodos de treino, que Quique Flores é um excelente treinador mas se tivesse perdido contra o S.C.P. o seu lugar à frente do S.L.B. estaria tremido. Temos que deixar as pessoas trabalhar sossegadas no seu lugar e não esperarmos resultados imediatos.

Esta semana, grande parte dos clubes que perderam pontos foram assobiados. Jorge Jesus, Manuel Cajuda, Jesualdo Ferreira foram alguns dos treinadores de maior destaque o ano passado e esta época já foram assobiados pelos adeptos. Incompreensível!
Carlos Azenha quando deixou de ser adjunto de Jesualdo Ferreira declarou que o seu futuro não passaria por treinar uma equipa portuguesa pois cá em Portugal valorizam-se pouco a competência das pessoas. Concordo plenamente!

Não sei se as pessoas têm essa noção mas os treinadores portugueses são dos melhores treinadores do mundo, conseguem trabalhar em circunstâncias deploráveis. Ainda há bem pouco tempo, conversava com um colega sobre a sua situação no seu clube (clube da 2.º B que já esteve na 1.ªdivisão). Para meu espanto, contou-me que teve que improvisar o seu treino porque o relvado estava em tratamento e que a única solução que teve foi treinar no tartã à volta do relvado. Esta não é uma realidade muito diferente do que se passa em clubes da primeira liga. Contudo, quero salientar que com as condições que são dadas aos treinadores a maior parte deles têm desenvolvido um excelente trabalho.
Não posso deixar de mencionar a difícil tarefa que é treinar a formação. Se os seniores não têm condições de treino então imagine o que é treinar durante uma temporada inteira em metade de um campo de futebol.
Para termos melhores resultados basta criar melhores condições de trabalho.

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