E depois das Eleições Presidenciais?
Os tempos que se aproximam serão, em minha opinião, decisivos na definição de uma nova, ou pelo menos diferente, relação institucional entre o Presidente da República e o Governo.
As Eleições Presidenciais do passado dia 23 de Janeiro não trouxeram nada que constituísse surpresa.
Que a abstenção ia ser elevada, traduzindo o desencanto dos cidadãos, não havia dúvidas. Mais ponto percentual, menos ponto percentual, só uma dose de optimismo irrealista poderia alimentar expectativas diferentes. Neste aspecto, acresce o facto de se terem verificado algumas, e graves, situações de dificuldade de acesso ao sistema informático do Ministério da Administração Interna, forçando algum abstencionismo involuntário.
A minoria de eleitores que acabou por ir votar, confirmou uma tendência que se vem consolidando na vida portuguesa: O Presidente da República tem, praticamente, garantida a reeleição para segundo mandato.
Convictos desta realidade, foram os próprios candidatos a reconhecerem, à partida, tal limitação, apontando os seus objectivos para a realização de uma segunda volta, o que não veio a concretizar-se.
Uma vez reeleito o Professor Cavaco Silva, ficamos com a sensação de que o eleitorado rejeitou a mudança, em alguns casos por convicção indiscutível, embora noutras situações estivesse presente o sentimento de busca de segurança ou até a afirmação de protesto, perante a grave situação social e económica que vem afectando a comunidade, cujos estilhaços afectaram, sem dúvida, a candidatura de Manuel Alegre.
Os tempos que se aproximam serão, em minha opinião, decisivos na definição de uma nova, ou pelo menos diferente, relação institucional entre o Presidente da República e o Governo.
A anunciada intenção interventiva do Presidente poderá fazer antever uma pressão sobre o Governo, abrindo caminho à utilização dos poderes Presidenciais para antecipar o fim da legislatura. O Governo, pelo seu lado, tudo fará para contrariar a ambição das forças partidárias que se vão alinhando para suceder ao PS, no Governo de Portugal, promovendo os ajustamentos e remodelações necessárias.
Enfim, enquanto os actores políticos se vão posicionando, e passado este período em que os focos estavam voltados para as Presidenciais, eis-nos de regresso à dura realidade do dia-a-dia e das dificuldades que as famílias vão sentindo. Estes são, de facto, os assuntos que deverão merecer toda a nossa atenção, nos próximos tempos. Estas são as causas que merecem o nosso empenho político e cívico.
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