CORONAVIRUS: O que sabemos e o que precisamos de saber
Uma medida que tem sido desvalorizada e até ignorada é a quarentena. Esta refere-se à restrição de movimentos e de interação social de pessoas que possam estar infetadas.
Os Coronavírus são uma família de vírus que podem causar doença no ser humano. A 7 de Janeiro, na China, foi identificado um novo Coronavírus: COVID-19, acrónimo de Corona Virus Disease - 2019
O surto provocado por este vírus evoluiu rapidamente e, a 13 de Janeiro, registou-se o primeiro caso fora da China. Apesar das inúmeras medidas implementadas pelos governos dos respetivos países e das diretivas emitidas pela Organização Mundial de Saúde, a 11 de Março, o COVID-19 foi mesmo classificado como uma pandemia. Este termo é usado para descrever situações em que uma doença infeciosa ameaça muitas pessoas ao mesmo tempo e no mundo inteiro. E, de facto, já se contam mais de 118 mil infetados em 114 países e 4291 mortos. Em Portugal, a esta data, o registo de infetados era superior a 112.
A taxa de mortalidade da doença é estimada em 2,3%, embora este número possa diferir consoante o país em questão. É muito, quando comparada à taxa de mortalidade da gripe comum, de menos de 0,1%, mas pouco quando comparada a quantos morreram, por exemplo, com a SARS, doença ligada a outro coronavírus que surgiu na China em 2002 e que registou uma taxa de mortalidade de cerca de 10%.
O COVID-19 transmite-se por contacto próximo com pessoas infetadas pelo vírus, ou superfícies e objetos contaminados. Esta doença propaga-se através de gotículas libertadas pelo nariz ou boca quando espirramos ou tossimos, que podem atingir diretamente a boca, nariz e olhos de quem estiver próximo. As gotículas também podem depositar-se nos objetos ou superfícies que rodeiam a pessoa infetada. Se alguém tocar nessas superfícies ou objectos e depois levar as mãos aos olhos, nariz ou boca, pode infetar-se.
Assim, mais do que saber números, há que saber como controlá-los, isto é, como prevenir o contágio e a propagação do vírus. E isto está, literalmente, nas nossas mãos. A higienização correta e completa das mãos, efetuada de forma regular, está fortemente recomendada, já que reduz a transmissão de vírus. Para o público em geral e na comunidade, aconselha-se o uso preferencial da lavagem com água e sabão.
Salienta-se, também, o efeito protetor para os outros, se cobrirmos a boca e o nariz ao tossir, assoar ou espirrar, com lenços de papel descartáveis. Na ausência de lenços de papel, usar o antebraço para tapar a boca e/ou o nariz. Após se ter tossido, espirrado ou assoado, devemos lavar muito bem as mãos.
Outra medida, que é muitas vezes questionada, é o uso de máscara facial. Na verdade, não existe evidência que comprove a redução da propagação da infeção decorrente do uso de máscara por indivíduos sem sintomas. No entanto, pode ser equacionada o seu uso em cuidadores de indivíduos doentes, no domicílio, ou indivíduos com suscetibilidade acrescida como, por exemplo, doentes com diabetes ou cancro.
Uma medida que tem sido desvalorizada e até ignorada é a quarentena. Esta refere-se à restrição de movimentos e de interação social de pessoas que possam estar infetadas, porque estiveram em contacto próximo com caso confirmado, mas que se mantêm assintomáticas. Esta medida é de primordial importância, uma vez que o seu incumprimento pode levar à perda de controlo da sequência de propagação do vírus, passando este a circular na comunidade e já sem ser possível controlar a sua transmissão.
Devemos ser, ainda, ser criteriosos na informação que recebemos. As medidas acima referidas são as recomendadas por serem as mais eficazes na contenção da propagação da infeção e, na verdade, podem ser muito fáceis de adotar se estivermos dispostos a tal.
O COVID-19 não tem tratamento específico, nem tem vacina e os antibióticos não matam os vírus! As redes sociais mostram frequentemente “tratamentos milagrosos” como, por exemplo, ingerir grandes quantidades de alho, banhos de água quente, exposição à luz solar, entre outros. Nenhum destes métodos faz sentido à luz daquilo que já se sabe sobre esta doença, pelo que se apela ao bom senso.
Faço também uma chamada de atenção para o cenário que temos percecionado nos últimos dias, nos supermercados, um pouco por todo o país: a corrida desenfreada a enlatados e outros produtos alimentares. A Direção Geral de Saúde alerta que não há necessidade nem se justifica esta situação. A própria Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição diz que não há rotura de stocks, mas rotação de produtos. Devemos limitar as idas aos mercados, não fazendo sentido encher a despensa para dois ou três meses.
Em jeito de conclusão reforço a necessidade de adoção, urgente, de medidas preventivas: lavar as mãos, evitar locais públicos ao máximo, evitar o contacto com pessoas doentes e respeitar as condições de quarentena se for este o caso. Ficar em casa é mesmo o melhor remédio!
De nada nos serve deixarmo-nos levar por um alarmismo desmensurado, da mesma maneira que nada ganhamos com uma atitude despreocupada perante esta situação. Temos que compreender que as nossas ações têm repercussões e que o que melhor temos a fazer é prevenir! A velocidade de propagação desta nova estirpe de coronavírus depende de nós e das medidas de contenção que adotarmos.
13 de Março de 2020
Ana Catarina Gomes
USF de Ronfe
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